-
Auger-Aliassime vence Bublik e vai à final do Masters 1000 de Paris
-
EUA não enviará autoridades de alto escalão à COP30 em Belém
-
Parque Yosemite é posto à prova durante paralisação do governo federal dos EUA
-
Patrick Vieira é demitido do Genoa
-
Egito inaugura seu grande museu dedicado aos faraós
-
China reautorizará algumas exportações à Europa da fabricante de chips Nexperia
-
Aumento vertiginoso dos custos de saúde gera pânico nos EUA
-
Imagens de satélite apontam para mais massacres na cidade sudanesa de El Fasher
-
Israel bombardeia Gaza e afirma que corpos recebidos não são de reféns
-
Dominada por Xi Jinping, cúpula da Apec encerra com compromissos de cooperação e IA
-
A ressurreição do Palmeiras, um gigante da Libertadores
-
Trump revela banheiro reformado da Casa Branca
-
Tarifas de Trump impactaram menos que o previsto na América Latina, diz presidente do CAF
-
Milei nomeia porta-voz como chefe dos ministros para 'renovar diálogo'
-
Trinidad e Tobago coloca Exército em 'alerta geral' frente a crise EUA-Venezuela
-
Após operação mais letal da história, revolta toma conta das ruas da Vila Cruzeiro
-
Trump se dispõe a financiar assistência alimentar, ameaçada por paralisação orçamentária
-
Casa Branca restringe acesso de jornalistas ao gabinete de imprensa
-
Trump mantém o mundo em suspense com surpreendente ordem de testes nucleares
-
Casa Branca restringe acesso de jornalistas a gabinete de imprensa
-
Após anulação de condenação, ex-presidente colombiano Uribe anuncia que se candidatará ao Senado
-
Furacão se afasta do Caribe após deixar cerca de 50 mortos
-
Chevron defende suas operações na Venezuela
-
Justiça dos EUA ordena manter ajuda alimentar apesar da paralisação do governo
-
Borussia Dortmund vence Augsburg e sobe na tabela do Alemão
-
Morre o ator franco-turco Tchéky Karyo, conhecido por 'O Urso' e 'Nikita'
-
Menos de 60 líderes confirmaram presença na COP30
-
Ordem de Trump de realizar testes nucleares pode acentuar corrida armamentista
-
Sinner avança à semifinal do Masters 1000 de Paris
-
Trump ressuscita fantasma nuclear com mais dúvidas que certezas
-
Café mais caro do mundo, produzido no Panamá, chega a Dubai
-
Oposição denuncia quase 700 mortos em protestos contra o governo na Tanzânia
-
China envia seu astronauta mais jovem ao espaço
-
Justiça britânica absolve autores de protesto em Stonehenge
-
México comemora 'primeiro passo' da Espanha ao reconhecer abusos durante a conquista
-
Fechamento do governo privará milhões de americanos de ajuda alimentar
-
Trump diz que não planeja ataques dos EUA à Venezuela
-
Munique é candidata única a sediar final da Champions de 2028; Londres ou Barcelona em 2029
-
Barcelona voltará ao Camp Nou no dia 7 de novembro em treino aberto ao público
-
'Diddy' Combs é transferido de prisão para cumprir sentença nos EUA
-
Xabi Alonso revela reunião com Vini Jr. após polemica no Clássico: 'tudo resolvido'
-
Candidato de centro reivindica vitória nas legislativas dos Países Baixos
-
Desemprego no Brasil se mantém no mínimo histórico, apesar das tarifas de Trump
-
Museu do Louvre instalará 'dispositivos anti-intrusão' antes do fim do ano
-
Melissa perde força após deixar 50 mortos no Caribe
-
Projeções apontam vitória do partido de centro D66 nas eleições dos Países Baixos
-
Nasa responde a Kim Kardashian: pouso na Lua de 1969 realmente aconteceu
-
Sombra de Trump paira sobre eleições decisivas nos EUA
-
Britânicos celebram fim do 'príncipe Andrew', símbolo de escândalo e vergonha
-
Manizha Bakhtari desafia talibãs como embaixadora do Afeganistão na Áustria
'Deixem eles viver em paz': a luta de um sobrevivente pelos povos isolados da Amazônia
Atxu Marimã sobreviveu à gripe que matou sua família depois que um ataque de onça os obrigou a fugir de seu grupo indígena na Amazônia — mas ele não pode voltar por medo de colocar seu povo em perigo.
Em vez disso, ele se dedicou a fazer campanha para que as comunidades isoladas do Brasil sejam deixadas em paz.
"Estou aqui para contar a história do meu povo", disse Marimã à AFP durante uma viagem a Paris para conscientizar o público.
Marimã tem apenas cerca de 40 anos, mas já viveu muitas vidas. Nascido Atxu entre os hi-merimãs, um grupo nômade do sul do estado do Amazonas, tornou-se Romerito quando foi submetido a trabalho infantil após fugir da floresta. Mas agora, para sua esposa e três filhos, ele é Artur.
Até cerca dos sete ou oito anos, viveu entre os rios Purus e Juruá com o pai, a mãe e os irmãos, como parte de uma das comunidades indígenas "isoladas" oficialmente reconhecidas do Brasil.
O país abriga mais desses grupos do que qualquer outro, com 114 oficialmente reconhecidos como vivendo com pouco ou nenhum contato com o mundo exterior.
Durante décadas, o Brasil incentivou o contato com essas comunidades, antes de reverter essa política em 1987, ao reconhecer a devastação que ela causava.
Marimã e sua família viveram essa tragédia em primeira mão, quando foram obrigados a procurar o que ele chamou de uma "comunidade civilizada" — uma decisão que lhe custou a família, o lar, a língua e a cultura.
– "Todos ficaram doentes" –
A infância de Marimã na Amazônia tinha sido idílica — cantando para as árvores para incentivá-las a dar frutos, famílias se reunindo para dançar e correndo pelo chão da floresta com os irmãos.
Até que um dia uma onça atacou seu pai. Ele sobreviveu ao ataque, mas sofreu um ferimento grave na cabeça e começou a ter alucinações de que seus filhos eram presas — antas e porcos para caçar com flechas.
Sua mãe fugiu com as crianças, deixando o pai morrendo em sua rede, acima de uma cova que haviam preparado para ele.
Marimã nunca mais o viu.
"Minha família, especialmente minha mãe, então decidiu fazer contato com o mundo 'civilizado'", contou à AFP.
Logo foram expostos a doenças contra as quais não tinham defesas.
"Todos ficaram doentes e morreram", disse ele, lembrando como sua mãe, tia e vários irmãos sucumbiram ao que ele chamou de gripe.
Marimã e quatro irmãos foram os únicos sobreviventes, espalhados entre famílias locais.
Rebatizado como Romerito, sua família adotiva o obrigou a trabalhar em "condições análogas à escravidão" até que ele partiu por volta dos 15 anos.
Ele acredita ser o último dos irmãos ainda vivo.
– "Medo de levar um tiro" –
Em 1987, o Brasil adotou uma política de não contato, permitindo interação apenas se iniciada pelos próprios povos indígenas. Caso contrário, devem ser deixados em paz.
Antes disso, "era normal que metade da população de povos isolados morresse no primeiro ano de contato", principalmente por doenças, disse Priscilla Schwarzenholz, pesquisadora da Survival International.
Hoje, Marimã afirma que grupos isolados também temem o contato porque têm "medo de levar um tiro, porque os 'civilizados' têm armas".
"Não vale a pena entrar em contato com meu povo... Eu passaria uma doença para eles", disse.
"Eu não sou mais aquela pessoa da floresta."
– "Viver em paz" –
Atualmente, Marimã trabalha na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) monitorando o território Hi-Merimã, que o governo reconheceu legalmente em 2005.
Ele falou com orgulho sobre seu trabalho de prevenção da pesca ilegal, dizendo que os responsáveis tentam "invadir" e não mostram "respeito pela área".
Incêndios florestais e desmatamento representam outro risco à sobrevivência deles, alertou, observando que o calor e a seca intensos do ano passado colocaram em risco suas casas e a caça.
"As pessoas não têm bom senso para proteger a floresta amazônica", disse.
Apesar dessas ameaças, os hi-merimãs parecem ter crescido nos últimos 20 anos, desde que as incursões em seu território se tornaram ilegais.
"Dá para ver que tem crianças, bebês... eles estão crescendo e estão saudáveis", afirmou Schwarzenholz, estimando o número do grupo em cerca de 150, com base nos vestígios deixados na floresta.
"Eu sei que eles [os hi-merimãs] não sabem que eu existo", disse Marimã.
Mas contou que compartilhar sua história é sua forma de permanecer conectado enquanto defende que os grupos isolados decidam se — e quando — querem fazer contato.
Até lá, "deixem eles viver em paz", afirmou.
J.Oliveira--AMWN